Do algodão ao algoritmo: moda mais sustentável, mais rápida, mais tua
A indústria da moda está num daqueles momentos decisivos que fazem história, ou a mudam por completo. A francesa Lectra, especialista em tecnologia para o sector, acaba de lançar o relatório Meeting the Moment, uma espécie de carta de navegação para marcas que não querem naufragar em tempos de incerteza.
Entre inflação, guerras, consumidores exigentes e concorrência feroz vinda do digital, os ventos não sopram a favor. Segundo o State of Fashion 2024, da BoF e da McKinsey, apenas 20% dos líderes do sector acreditam numa melhoria para este ano. O resto? Espera o pior.
Mas é aqui que a Lectra levanta o dedo e diz: respirem, há caminho, e ele passa pela tecnologia, claro.
Para começar, as cadeias de produção precisam de ser redesenhadas. Longe vão os tempos em que se podia produzir barato na Ásia e esperar que tudo corresse bem. As interrupções logísticas multiplicaram-se por cinco desde 2015. A solução? Nearshoring e digitalização. Produzir mais perto, mais rápido e com controlo total de stocks e materiais.
Depois, temos o elefante na sala: a sustentabilidade. Já não basta falar bonito, usar algodão orgânico e pintar a loja de verde. A legislação europeia exige rastreabilidade total e dados concretos sobre cada peça. Quem não acompanhar esta onda, afoga-se. A Lectra aponta tecnologias como o Digital Product Passport e o TextileGenesis para garantir essa transparência do fio ao cabide.
Mas o futuro não se faz só na fábrica. Passa também por como se cria e se vende. A Lectra defende uma abordagem 360, onde o design, o marketing e a distribuição estão todos ligados, alimentados por dados em tempo real. Ferramentas como Retviews (inteligência de mercado), Neteven (e-commerce) e Launchmetrics (medição de influência) ajudam marcas a antecipar desejos e evitar falhanços.
Maximilien Abadie, da Lectra, resume bem a questão: “A tecnologia deixou de ser uma ajuda. É agora uma escolha estratégica”. Só assim se sobrevive num mercado onde tudo é rápido, tudo é global, e tudo é pessoal.
Para ti, que segues tendências com olho clínico e sabes que o que vestes diz tanto como o que pensas, isto é música para os ouvidos. Porque a moda do futuro será mais justa, mais inteligente e, se tudo correr bem, muito mais criativa.