Silêncio, que se vai falar dos portugueses… mas só por 2,5 segundos

Erin Meyer, especialista em culturas organizacionais e autora do best-seller The Culture Map, esteve em Portugal para a QSP Summit e deixou um dado delicioso sobre a nossa maneira de estar no mundo: os portugueses só aguentam 2,5 segundos de silêncio numa conversa antes de começarem a sentir desconforto. Passado esse limite, o cérebro começa a gritar por palavras, qualquer coisa — um “pois”, um “estás a ver”, um “e pronto”.

Comparado com outras culturas, é pouco. Na China, por exemplo, o silêncio confortável estica-se entre 8 a 10 segundos. Em contextos como negociações ou reuniões de negócios, isso pode fazer toda a diferença. Onde um europeu do sul vê embaraço, um asiático vê tempo para refletir. Onde um português se apressa a preencher o vazio, outros escutam o eco da ponderação.

Erin Meyer diz que isto se deve à nossa “urgência de manter a conversa viva”. E não é preciso ir para o mundo corporativo para perceber isto. Basta lembrar a última vez que estiveste com amigos num café: se por acaso alguém calou-se por mais de 3 segundos, foi logo alvo de um “em que é que estás a pensar?” ou “diz lá o que te vai na alma”.

Mas este dado não serve só para nos rirmos. Ele pode ser uma ferramenta para quem vive num mundo cada vez mais global. Entender como diferentes culturas lidam com o silêncio ajuda a evitar mal-entendidos e a comunicar melhor — seja numa reunião de trabalho, num date ou num jantar entre amigos.

Portanto, da próxima vez que sentires aquele micro-momento de pausa, experimenta não preencher logo com palavras. Fica só ali. A ver o que acontece. Talvez descubras que no silêncio também se diz muita coisa. Ou então… solta um “pois” e continua. Afinal, somos portugueses. E não sabemos estar calados.

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

Comece a digitar e pressione Enter para pesquisar