Cesária, Bonga, Ildo Lobo… Sony dá palco mundial à música africana lusófona
A Sony Music France e Sony Music Publishing France anunciaram a aquisição das editoras Lusafrica e Africa Nostra, um passo simbólico que reforça a presença global da música lusófona e africana. Fundadas por José da Silva em 1988, ambas tornaram-se autênticos pilares da música mundial.
À cabeça deste universo destaca-se Cesária Évora, a “diva dos pés descalços”, cuja discografia, adornada por temas eternos como Sodade, Petit Pays e Bésame Mucho, vendeu milhões, levou um Grammy e conquistou corações por França, EUA e além. O seu legado é indissociável da identidade destas editoras.
Mas o catálogo não vive só de Cesária, longe disso. Ele pulsa com as vozes de artistas que moldaram a música de expressão lusófona.
Bonga, nome maior da música angolana, é mais do que um músico — é um símbolo de resistência e identidade cultural. Com canções como Mulemba Xangola e Mariquinha, Bonga fundiu semba, política e alma africana numa sonoridade inconfundível, que cruzou oceanos e gerações. A sua presença no catálogo é uma âncora emocional para toda a diáspora africana.
Ildo Lobo, com a sua voz quente e poética, é um dos maiores embaixadores da morna. As suas canções, como Incondicional ou Nos Morna, continuam a embalar corações nostálgicos em todas as ilhas de Cabo Verde — e não só.
Tcheka, com o seu estilo único e a fusão entre batuque e música contemporânea, abriu uma nova linguagem musical cabo-verdiana, autêntica e descomprometida. Um verdadeiro renovador da tradição.
Nancy Vieira, por sua vez, tem uma das vozes mais doces e elegantes da nova geração cabo-verdiana, com interpretações que equilibram tradição e modernidade, sempre com uma sensibilidade rara.
Também fazem parte nomes como Lura, Boubacar Traoré, Oliver N’Goma, Polo Montañez e Pierre Akendengué, todos eles fundamentais na construção de um catálogo de mais de 4 000 títulos que é, sem exageros, um tesouro cultural global.
Esta aquisição é mais do que um movimento estratégico. É um gesto que promete levar as vozes lusófonas africanas a novos públicos, palcos e playlists. Para quem vive a música como parte do seu estilo de vida urbano, curioso e sem fronteiras, esta é uma oportunidade de ouro para redescobrir sons com alma, profundidade e história.
E sim, o melhor acompanhamento para estas vozes continua a ser uma boa vista, um copo na mão e o coração bem aberto.